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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

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Por: Claudete R. Oliveira 

Quero apresentar-vos a poesia de Castro Alves. Poeta baiano do período do Romantismo brasileiro que tanto relatou as dores e a luta do povo negro do Brasil por liberdade, por direitos, por vida.

Viveu no século XIX e teve em sua poesia a presença constante da natureza, do amor e dos problemas sociais. De origem negra, denunciava poeticamente a sociedade escravocrata e as mazelas que permeavam as senzalas e a liberdade que tardava. A Poesia “O Livro e a América” é uma de suas poesias que me emociona pela viagem na história que realiza com tamanha propriedade. A Poesia faz parte do livro Espumas Flutuantes, escrito em 1870. Transcrevo abaixo duas estrofes desta imensa poesia, uma das características de Castro Alves: estrofes em décima, ou seja, com 10 versos.



Por uma fatalidade 
Dessas que descem de além, 
O sec'lo, que viu Colombo, 
Viu Guttenberg também. 
Quando no tosco estaleiro 
Da Alemanha o velho obreiro 
A ave da imprensa gerou... 
O Genovês salta os mares... 
Busca um ninho entre os palmares 
E a pátria da imprensa achou...

Por isso na impaciência 
Desta sede de saber, 
Como as aves do deserto 
As almas buscam beber... 
Oh! Bendito o que semeia 
Livros... livros à mão cheia... 
E manda o povo pensar! 
O livro caindo n'alma 
É germe — que faz a palma, 
É chuva — que faz o mar.

Em duas estrofes Castro Alves cita o século XV em que Gutemberg, na Alemanha, inventou a imprensa e Colombo, o genovês, veio à América. Ele fala da necessidade inerente ao ser humano de conhecer: “As almas buscam beber...”. Esta poesia liga a Europa à América e apresenta o livro como fonte inesgotável de conhecimento.
Tal qual vocês mesmos têm descobrido, Jovens Leitores, quando o livro “cai na alma” o pensamento é enriquecido pelas palavras que saem de outros tantos pensamentos, de outras almas que se conjugam às nossas. [...]

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