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domingo, 30 de dezembro de 2012

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Por: Claudete R. Oliveira 


Camacã está completando 51 anos de Emancipação Política e, nada melhor que a indicação de livros que contam a história do município e as transformações na paisagem local, ocorridas ao longo do tempo a partir das intervenções de seus habitantes.
As novas gerações precisam conhecer a história dos seus antecedentes para se constituírem protagonistas de sua própria história.
As monografias dos Professores Luiz Cláudio Zumaeta Costa e Renato Zumaeta Costa dos Santos, filhos de Camacã, foram publicadas em 2007 pelos Cadernos do CEDOC (Centro de Documentação e Memória Regional da UESC) através da Editora Editus da UESC.
Cacauicultura: a CEPLAC e a vassoura de bruxa em CAMACAN é o título que engloba as duas monografias.
A primeira, Sociedade e Economia: a presença da CEPLAC em Camacan tem como autor Luiz Cláudio Zumaeta. Nesta Monografia. O autor apresenta aspectos gerais do que chama de micro-história da região cacaueira quando faz referencia à emancipação e a “instalação definitiva do município em 07 de abril de 1963 quando da posse do Presidente da Câmara, Senhor Boaventura Ribeiro de Moura” (p.38). A partir do capítulo III, desenvolve o texto historiográfico mais específico à sua proposta de estudo, qual seja, a implantação do escritório da CEPLAC no Município, uma exigência da economia cacaueira local. Descreve a criação da CEPLAC - Comissão Executiva do Plano de Recuperação Econômico-Rural da Lavoura Cacaueira, pelo Governo federal, através do Ministério da Fazenda -  e a conjuntura econômica do município que justificou a abertura do escritório em Camacã em maio de 1964.
O autor enriquece o texto com imagens do município, da primeira sede da CEPLAC (hoje sede da Prefeitura municipal), gráficos e tabelas, além de documentos anexados que colaboram com a compreensão da história da produção de cacau no município.
A segunda monografia, de autoria do Prof. Renato Zumaeta, foi intitulada Contratempos: cacau e cacauicultura em Camacan. O autor fez um recorte de uma década na história camacanense, de 1980 a 1990. Isto nos permite ter uma ideia do auge da produção do cacau e dos fatores que desencadearam a crise que provocou uma decadência na economia cacaueira regional.
Renato Zumaeta utilizou a memória dos habitantes locais como fontes orais realizando uma conexão muito pertinente com as ricas referências do seu aporte bibliográfico para desenvolver sua historiografia regional.
Com os referenciais teóricos, o autor apresenta a história da introdução do cacau na região, as contradições quanto ao local de sua plantação e a criação da cidade de Canavieiras em 1890. Os relatos orais darão conta de informar sobre as incursões na Mata Atlântica realizadas pelos chamados “pioneiros”, para semear as primeiras sementes de cacau o que propiciará o nascimento do Povoado do Vargito e mais tarde, o nascimento da Vila Camacan como ponto estratégico para reduzir a demografia do Vargito, uma doação do Sr. João vargens.
O autor apresenta ainda, dois fatos importantes para então introduzir os fatores que levaram à crise da cacauicultura: o processo de substituição da civilização indígena local, habitantes da Mata, pela chamada “civilização do cacau”, também desenvolvida na Mata, no sistema, hoje denominado, Agroflorestal Cabruca e, a emancipação política de Camacan como fator de estabilidade econômica e franco desenvolvimento da monocultura do cacau.
Conforme o tema da monografia, o autor dedicou maior atenção à crise da lavoura cacaueira e a devastação da lavoura pela “vassoura-de-bruxa”. Trouxe imagens e tabelas para que a narrativa histórica fosse melhor compreendida. Já na conclusão, o autor faz um relato muito importante para a história atual de Camacã: o êxodo rural devido à crise, a explosão demográfica e seu esvaziamento devido à emigração de seus habitantes para outros centros urbanos em busca de trabalho. Juntamente a este fato está o início do desmatamento desenfreado da Mata Atlântica pelos proprietários das fazendas de cacau em busca da reposição do rombo econômico causado pela perda das lavouras de cacau.
O livro, portanto, é uma oportunidade de conhecer melhor a história do Município de Camacã e de refletir sobre os caminhos que se pretende vislumbrar para o seu desenvolvimento presente e futuro, sem esquecer que a história de uma cidade é construída pelas interrelações de seu povo.


Devemos estão refletir sobre toda a riqueza que fora produzida nesta terra e sobre a herança deixada às gerações atuais e futuras. Não se trata de reivindicar bens materiais, estes são perecíveis e se tornam pó. Penso na herança cultural, na educação de qualidade para a população que teve o trabalho cotidiano como contribuição para escrever a história de prosperidade material. Qual o Teatro? Qual o Cinema? Qual o monumento histórico cultural? Tal qual alguns municípios da região cacaueira, Camacã hoje justifica que sua maior herança cultural é seu povo. No entanto, o povo constrói, produz cultura, não pode ele mesmo ser considerado cultura. Este me parece um argumento dos que nada fazem para que os elementos culturais sejam transformados em herança cultural para esta e as futuras gerações.




“A cidade de Camacan é sede do município com o mesmo nome, situada a 15º41’ de Latitude Sul e a 39º49’ de Longitude Oeste; o município integra a Microrregião 31 ao Sul do estado da Bahia e, tem como limites Norte os município de Arataca, Jussari e Itaju do Colônia; ao Sul, Mascote e Potiraguá; ao Leste, Santa Luzia e a Oeste, Pau Brasil.” A localização do Município de Camacã é apenas uma das informações iniciais deste livro que pretende tratar da Trajetória, das Permanências e Transformações Têmporo-Espaciais da cidade de Camacan. Os autores são professores-pesquisadores da UESC e apresentam os resultados de pesquisas realizadas no município. O livro está internamente dividido em três capítulos. Cada autor, em seu estilo, escreve sobre a economia pulsante dos áureos tempos do cacau e das mazelas existentes devido ao crescimento desordenado e à pobreza recorrente em meio aos “frutos de ouro”.
O primeiro capítulo é assinado pela Profª Clarice Gonçalves Souza de Oliveira e é intitulado: “Crise da cacauicultura e transformações no território cidade de Camacan e sua Região de inserção”. Neste capítulo, os leitores encontrarão um retrato da economia cacaueira no município, a distância entre a riqueza produzida e a paisagem urbana e, os impactos da crise sob o olhar dos moradores.

 “Cidade de Camacan, transformações socioespaciais e região: interpretando os conteúdos da paisagem” é o segundo capítulo, escrito pelo Profº Gilmar Alves Trindade. Neste capítulo, o autor mostra as singularidades do processo histórico de transformações sofridas pelo município. O autor aborda ainda a emigração e as expectativas de crescimento urbano de Camacan para o século XXI.

A Profª Maria Helena Gramacho centra sua abordagem nas dimensões culturais e sua produção a partir da chegada dos “pioneiros” ou “desbravadores”. O título do terceiro e último capítulo é: “Camacã: símbolo das territorialidades da cultura cacaueira”. Este capítulo fala sobre as permanências e transformações sofridas pelo município e traz um elemento novo para um livro que pretende um enfoque histórico-geográfico: A ESPERANÇA. Esperança de ruptura com uma sociedade rural dominante, esperança de ruptura entre o rural e o urbano, esperança de ver a economia agrícola diversificada e uma lavoura cacaueira restabelecida e tecnologicamente mais desenvolvida.

A pesquisa demonstrou “um olhar crítico sobre a tradição cultural da antiga região cacaueira, às vezes uma certa revolta contida, mas mostrando, no jogo da alteridade, o quanto todos mudaram”.

O livro é um passeio imagético com muitas fotografias da cidade e das paisagens do município.

Aos meus queridos Jovens Leitores, estas são minhas dicas de leitura para quem quer conhecer suas raízes. Ih!!! Isto me lembra outro livro (Raízes do Brasil), mas este será para outro momento, em seu tempo... 

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